'Não vai ser fácil para a Europa chutar a Grécia', diz economista-chefe do CER

Press quote (Metro)
Christian Odendahl
28 January 2015

Para Berlim, a zona do euro poderia lidar bem com a saída da Grécia, se isso se provar necessário. Os boatos sobre a chamada “Grexit” e a proximidade das eleições parlamentares gregas levaram à maior baixa do euro contra o dólar em 9 anos. “A saída da Grécia poderia gerar uma nova fase de incertezas na economia europeia”, disse ao Metro Christian Odendahl, economista-chefe do CER (Centre for European Reform).

É possível que a Grécia saia da zona do euro?

Sim, mas seria extremamente ruim e, na minha opinião, é muito improvável. Teria de ocorrer durante a noite, para evitar uma corrida aos bancos e fuga de capitais, algo difícil de controlar. A nova moeda deve sofrer forte desvalorização. Politicamente, os gregos não querem sair, por isso o governo não vai buscar uma saída. Não será fácil para a Europa chutar a Grécia se a Grécia não quiser sair.

A saída poderia gerar uma crise na União Europeia?

Se sair, há dois cenários: no primeiro, vai parecer pouco atraente para eleitores e políticos em outros lugares. No segundo cenário, a Grécia começa a crescer após uma fase de ruptura, fazendo com que a saída pareça atraente para eleitores e políticos na Itália, potencialmente até mesmo na França. A UE seria fortemente abalada.

Qual o significado dessa incerteza sobre a Grécia para o resto do mundo?

A saída da Grécia iria começar uma nova fase de incerteza na economia europeia, que seria enfraquecida, tendo implicações para a economia mundial. Com uma Europa economicamente mais fraca, haverá ainda mais pressão sobre o preço do petróleo e fortalecimento de moedas como o dólar norte-americano ou o franco suíço.

Por que o euro reagiu tão mal à crise na Grécia?

A zona do euro precisa de uma moeda mais fraca, para crescer com exportações. Mas a fonte dessa depreciação não deve ser o medo de uma separação, mas políticas monetárias mais expansionistas. Os recentes movimentos podem de fato estar relacionados com o medo pela saída da Grécia, mas isso responde apenas por uma pequena parcela do valor da moeda global no momento.